Quem nunca sentiu aquela sensação de que suas conversas caem na rotina, ficam sem graça e você mal consegue se lembrar do que foi dito depois? Ou pior, fica com a impressão de que as pessoas te esquecem pouquíssimo tempo depois que a conversa termina. Tudo isso nos faz querer conversar melhor.
Muitas vezes, caímos nas mesmas perguntas de sempre: “Tudo bem?”, “Você vem sempre aqui?”. Eu expliquei em vídeo que essas abordagens são as clássicas que todo mundo já ouviu mais de mil vezes. Só que todo mundo esquece que elas raramente criam uma conexão real ou deixam uma marca.
A boa notícia é que melhorar suas conversas não depende de carisma, e sim de método! Então, deixa eu te explicar a diferença entre uma conversa memorável e uma esquecível, que é simplesmente como você se posiciona dentro da estrutura básica da comunicação.
Desvendando a estrutura da conversa: informação e conexão
Qualquer conversa possui dois eixos fundamentais: informação e conexão. Essa visão se alinha com um modelo teórico chamado Conversational Circumplex, que classifica os motivos conversacionais ao longo dessas duas dimensões:
- Informacional: o objetivo do falante é dar e/ou receber informações precisas.
- Relacional: o objetivo do falante se concentra em construir o relacionamento.
De acordo com o Conversational Circumplex, o sucesso de uma conversa depende dos objetivos das pessoas envolvidas. Podemos ter diferentes “motivos conversacionais”, dependendo do quanto priorizamos a informação e a relação, como exemplifico na tabela abaixo.
MOTIVO CONVERSACIONAL | NÍVEL INFORMACIONAL | NÍVEL RELACIONAL | EXEMPLO |
---|---|---|---|
Aprender algo | Alto | Baixo | Conversar com um especialista para entender um conceito novo. |
Passar o tempo | Baixo | Baixo | Uma conversa superficial para ocupar um momento de espera. |
Pedir um conselho | Alto | Alto | Discutir um problema pessoal com um amigo em busca de orientação. |
Se divertir / quebrar o gelo | Baixo | Alto | Uma conversa leve e engraçada para criar um ambiente descontraído. |
Vale destacar que todos esses quadrantes são úteis, desde que você utilize o método certo para se comunicar melhor!
Saia da mesmice para conversar bem
A primeira grande dica para ter conversas melhores é quebrar o piloto automático das perguntas triviais. Ao dizer algo fora do comum, você imediatamente ganha a atenção do outro.
Ou seja, em vez de um simples “Oi, tudo bem?”, experimente abordagens que demonstrem que você está prestando atenção ao contexto ou à individualidade da pessoa. Exemplos:
- “Nossa, como você conseguiu chegar aqui hoje com essa chuva?”
- Se estiver em um evento: “O que te trouxe a este lugar hoje?”
- Se conhecer a pessoa do trabalho: “Como está sendo a sua semana até agora? Algum desafio interessante?”
Essas perguntas fogem do óbvio e mostram que você está realmente interessado em interagir, o que é algo que está em falta no mundo hoje. Dar atenção genuína é o primeiro passo para conquistar a pessoa!
Esta nova edição traz mudanças que atualizam a obra de Dale Carnegie, enquanto preserva a autenticidade do texto original.
Partindo do princípio de que é preciso se interessar genuinamente pelos outros, Carnegie ajudou milhões de pessoas a se sentirem mais seguras, abertas e confiantes em seus encontros sociais e profissionais.
Conheça algumas das habilidades que você vai aprender com este livro: comunicar-se com mais diplomacia, aumentar sua capacidade de realizar tarefas, fazer com que as pessoas gostem de você, melhorar sua capacidade de persuasão, tornar-se uma liderança mais eficaz e sair-se bem em qualquer situação social

Autenticidade: mostre quem você é
Após capturar o interesse inicial, não esqueça da importância de mostrar a sua essência. Ouça atentamente a resposta da pessoa e, então, compartilhe sua própria experiência ou perspectiva sobre o assunto.
- Se a pessoa comentar sobre a dificuldade da chuva, você pode contar uma história engraçada que aconteceu com você em um dia chuvoso.
- Se ela mencionar um interesse, compartilhe se você também se identifica ou tem alguma vivência relacionada.
Seja autêntico! Compartilhe suas vulnerabilidades, seu humor, suas opiniões (com respeito). Não tente ser uma cópia para agradar o outro. Quando você se mostra à vontade, o outro se sente mais confortável para fazer o mesmo, enriquecendo a dimensão relacional da conversa.
Para entender melhor, veja como fica uma simples conversa de elevador dentro desse método para conversar melhor; que fica mais ou menos assim…
PILOTO AUTOMÁTICO | BOM DE CONVERSA | FOCO PRINCIPAL | POSSIBILIDADES |
---|---|---|---|
“Bom dia, tudo bem?” | “Nossa, que chuva, hein? Tudo certo?” | Informacional e Relacional | Abre espaço para a pessoa compartilhar uma experiência (informação) e para você demonstrar empatia (relação). |
(Silêncio) | “Gostei da sua pasta/sapato, é nova?” | Relacional | Inicia uma troca sobre gostos pessoais, focando na conexão e no estabelecimento de um terreno comum. |
“Como foi o final de semana?” | “Fez algo interessante no final de semana apesar do tempo?” | Informacional e Relacional | Encoraja uma resposta mais específica (informação) e mostra consideração pelas possíveis limitações (relação). |
Dicas simples para não deixar a conversa morrer (de tédio)
Para evitar que o assunto morra, sugiro algumas estratégias práticas:
- Aceite os pequenos silêncios: eles são parte natural de qualquer conversa.
- Retome um assunto anterior: se a conversa esfriar, tente resgatar um ponto interessante que surgiu no início.
- Mude de assunto com criatividade: fale sobre filmes, séries, música ambiente ou algo que esteja ao redor.
E a técnica do “E então?” é uma ferramenta poderosa para manter o interesse vivo. Ao pedir para a pessoa explicar mais sobre algo que ela mencionou, você incentiva a troca de mais informações e demonstra seu interesse.
Funciona assim…
- Se a pessoa diz que gosta de cozinhar, pergunte: “mas e então, como é que você aprendeu a cozinhar?” (foco em obter mais informação).
- Se ela menciona uma viagem, questione: “e então, o que você mais gostou de fazer lá?” (busca por informação e demonstra interesse).
Isso funciona porque 90% das pessoas erram ao não dar atenção e, principalmente, ao não ouvir o que os outros têm a dizer.
Depois de iniciar a conversa de um jeito interessante e compartilhar sua essência, o mais importante é escutar o que o outro está falando. Isso demonstra um foco na dimensão relacional da conversa, construindo confiança e entendimento mútuo.
Compartilhe suas histórias, mas dê espaço para o outro falar. Evite monopolizar a conversa, pois isso pode dissipar o interesse que você conquistou inicialmente.
Equilíbrio entre informação e conexão para conversas inesquecíveis
Para ter conversas melhores e ser lembrado pelas pessoas, o caminho envolve a aplicação de princípios que equilibram a busca por informação e a construção de conexões genuínas:
- Quebre o padrão: comece conversas de maneira não óbvia para capturar a atenção.
- Seja autêntico: mostre sua verdadeira personalidade para criar uma conexão real.
- Priorize a escuta: demonstre interesse genuíno no que o outro diz. Isso se alinha com o foco na dimensão relacional do Conversational Circumplex.
- Use o “E então?”: incentive a troca de mais informações e aprofunde os tópicos.
- Considere seus objetivos: esteja ciente se o seu foco principal é obter informação, construir um relacionamento ou ambos.
Ao aplicar essas dicas, inspiradas tanto pela minha “sabedoria prática” quanto pela estrutura teórica do Conversational Circumplex, você estará cultivando conversas mais significativas, construindo relacionamentos mais fortes e, certamente, deixando uma marca positiva nas pessoas.
Que tal começar a experimentar essas abordagens hoje mesmo?