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Gênesis da Google: a inteligência artificial “jornalista” que escreve notícias

Faz pouco tempo que o New York Times falou sobre uma suposta nova ferramenta de inteligência artificial que consegue escrever notícias. Mas será que a Gênesis da Google será a jornalista do futuro?

Eu confesso que fiquei extremamente curiosa com essa novidade que promete “ajudar” o trabalho de jornalistas de grandes portais que, aparentemente, estão testando a versão inicial – como o próprio The New York Times, além de The Washington Post e The Wall Street Journal.

Por isso, claro, foi procurar mais informações.

Mas tive uma surpresa bem desagradável quando encontrei dezenas de matérias (todas iguais) com as mesmas informações que foram publicadas na notícia original. Aliás, isso tem sido recorrente no jornalismo – um monte de notícias copiadas de grandes portais, apenas mudando as informações de lugar e trocando algumas frases.

No meu ponto de vista, isso é um jornalismo bem preguiçoso! Em uma rápida pesquisa no próprio Google Notícias, olha só o que você vai encontrar nos resultados:

print de resultados de busca com Várias notícias sobre a Gênesis do Google que têm 
o mesmo título
Várias notícias sobre a Gênesis do Google com o mesmo título!

Te pergunto com sinceridade: em qual notícia você clicaria para ler? Eu fico até com preguiça quando vejo esse padrão tomando conta do jornalismo digital. É a maior evidência de que todos estão aplicando, literalmente, as mesmas técnicas de SEO na produção de notícias para internet, sem medo de ficar igual ao colega.

E sabe o que é mais engraçado? Jornalistas do mundo todo ficarem assustados com a possibilidade de usar inteligência artificial no jornalismo, no mesmo momento em que eles já escrevem parecendo robôs. 🤷‍♀️

O que é a Gênesis da Google?

Para quem ainda não leu nada a respeito, vou explicar aqui rapidamente com a pouca informação que encontrei. “Gênesis” é uma inteligência artificial da Google, ainda em fase inicial, que tem a capacidade de escrever conteúdo noticioso.

Fontes sigilosas do The New York Times contam que a nova I.A. do Google “pode coletar informações – detalhes de eventos atuais, por exemplo – e gerar conteúdo de notícias”. Essa tecnologia gerou preocupações em jornalistas de todo o mundo e a Google publicou um comunicado no Twitter, que diz o seguinte:

Em parceria com editores de notícias, especialmente editores menores, estamos nos estágios iniciais de exploração de ideias para potencialmente fornecer ferramentas habilitadas por IA para ajudar os jornalistas em seu trabalho.

Por exemplo, ferramentas habilitadas para IA podem ajudar jornalistas com opções de manchetes ou diferentes estilos de redação. Nosso objetivo é dar aos jornalistas a opção de usar essas tecnologias emergentes de uma forma que melhore seu trabalho e produtividade, assim como estamos disponibilizando ferramentas de assistência para pessoas no Gmail e no Google Docs.

Simplesmente, essas ferramentas não pretendem e não podem substituir o papel essencial que os jornalistas têm em reportar, criar e verificar os fatos de seus artigos.

Google no Twitter em 20 de julho de 2023

Perceba como eles definem a nova inteligência artificial da Google como uma espécie de “assistente para escrever manchetes e estilos de redação”. Nesse caso, é algo realmente interessante, mas sabemos que dificilmente será limitada a isso.

Principalmente pelo fato de que muitos jornalistas que produzem notícias na internet estão cada vez com mais pressa e preocupação em gerar volume e não mais entregar informação de qualidade – como o exemplo que dei logo no início deste post.

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Como será o jornalismo com inteligência artificial?

Eu não sei. Ninguém sabe. Fato é que essa notícia surge em um momento conturbado, em que veículos de comunicação se incomodam com o Bard (inteligência artificial de pesquisa da Google), por exemplo, que dá informação sem citar fontes. Lembrando que há tempos, grande parte das pesquisas do Google não geram cliques e a tendência é piorar.

Sem contar que grande portais estão em uma verdadeira batalha para que os buscadores paguem pelo conteúdo indexado. Ainda que eles se beneficiem dos cliques que jamais seriam obtidos se não fosse pelas buscas feitas no Google. Exemplo disso é o próprio The New York Times, que receberá cerca de 100 milhões de dólares ao longo de três anos como resultado de um recente acordo de “parceria de conteúdo”.

O que fica no ar é a dúvida de como podemos, com o avanço da inteligência artificial no jornalismo, provar que nosso conteúdo foi 100% escrito por uma pessoa real – como este texto que você está lendo agora? E mais ainda: por que precisaremos provar isso, se o conteúdo for realmente bom?

Finalmente, encerro esta notícia com uma reflexão valiosa escrita por Khaled Diab sobre o futuro do jornalismo:

As organizações de mídia também usam a IA para muitas tarefas de back-office, como recomendar conteúdo, transcrever entrevistas, legendar vídeos, analisar os interesses, preferências e engajamento do público, sem mencionar a busca de maneiras de aumentar sua importante classificação de SEO. Este último exemplo sugere uma maneira extremamente importante pela qual a IA influenciou indiretamente o cenário da mídia: o papel dos mecanismos de busca e canais de mídia social como guardiões e curadores de conteúdo, e os algoritmos que eles empregam para esse fim, que exercem uma profunda influência sobre o fluxo de receita – ou a falta dela – para os meios de comunicação.

Khaled Diab – What future for journalism in the age of AI?

Se houver mais novidades sobre a Gênesis da Google, prometo voltar aqui para atualizar este artigo e manter um histórico sobre o impacto dessa inteligência artificial no trabalho de jornalistas. E ficarei feliz em saber sua opinião sobre isso tudo; basta deixar nos comentários!

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