Conteúdo atualizado há 3 anos
Como já detalhado em outro post aqui no blog, sobre o que é Comunicação Não Violenta (CNV), essa é uma ferramenta perfeita para aplicar no dia a dia e melhorar relações pessoais, afetivas e de trabalho. Dessa vez, quero registrar algumas maneiras de como praticar a Comunicação Não Violenta.
Não tem muito segredo. Basta lembrar dos conceitos principais (observação, sentimentos e sensações, desejos e necessidade, pedidos) e aplicar essa “fórmula” sempre que estiver dialogando com alguém. E isso pode ser feito em qualquer ocasião, seja para manter a harmonia da conversa, ou para amenizar alguma situação de agressividade.
Para que isso seja possível, também é importante dar atenção à Comunicação Intrapessoal, que definirá seu comportamento e suas reações. Isso porque é preciso praticar muito autoconhecimento e autocontrole para conseguir praticar e manter a Comunicação Não Violenta. Ou seja, não é fácil. Mas, é bastante possível, seguindo as dicas a seguir.
Maneiras de praticar a Comunicação Não Violenta
01. Aponte fatos e não tenha medo de se expressar
Você não pode ter medo de apontar fatos, pois eles são pontos comuns em qualquer discussão. Geralmente são coisas que você consegue observar com facilidade e evitam discordância. É preciso expressar tudo o que for necessário, sempre com muita empatia e educação, claro. A ideia aqui não é jogar as verdades na cara do outro, mas fazê-lo perceber o que está dentro de você. Assim como é necessário observar e respeitar o que está dentro do outro.
Exemplo prático: no trabalho, não reclame com seu chefe “eu nunca consigo marcar reunião com você”, apenas aponte um fato, como “vi que sua agenda está lotada, como podemos encontrar um horário e para conversar sobre o projeto?”.
Percebeu a diferença? No lugar de reclamar, fazer julgamentos ou extrapolar opiniões pessoais, apenas aponte fatos. A mensagem é a mesma, muda apenas a maneira de transmitir o que você sente. E o resultado pode ser ainda melhor se você incluir um pedido para solucionar a situação, como foi feito no exemplo acima. Agora pense, como seu chefe reagiria a cada uma das frases? A escolha é sua!
E isso serve também quando você está sendo “atacado”. Exemplo: sua irmã grita porque você comeu todo o chocolate dela, ao invés de gritar junto, pode dizer “eu sei que você está chateada porque não deixei nada para você, mas prometo que compro outro ainda mais gostoso que esse”. Olha só que interessante, além de apontar um fato, ainda é possível sugerir uma solução boa para ambos.
02. Respeite e/ou imponha limites
Nem sempre é possível praticar a Comunicação Não Violenta. Há situações em que as pessoas não estão bem e, naturalmente, constroem barreiras em volta delas. E isso é perfeitamente aceitável. Não esqueça que a empatia é a principal qualidade da Comunicação Não Violenta.
Por isso, você precisa analisar se a pessoa está aberta à CNV, que exige certo grau de confiança e intimidade emocional. Assim como também precisa respeitar seus próprios limites. Se você estiver envolvido em uma relação constantemente agressiva, pode ser exaustivo tentar lidar com a situação e, nesse caso, pode ser necessário impor-se de maneira diferente. Como em uma situação de bullying, por exemplo. O agressor não se importa nem um pouco com seu sentimento, nesse caso seja incisivo e diga com todas as letras “pare” ou “deixe-me em paz, você não tem nada melhor para fazer?”.
Outra questão bastante grave, e acontece muito, é conviver com aqueles que tentam usar Comunicação Não-Violenta para manipular pessoas. Por exemplo, em uma discussão de trabalho em que duas pessoas conversam normalmente, até que uma fica incomodada porque as coisas não serão feitas do jeito dela e diz “eu fico chateada quando você não respeita a minha opinião”. A manipulação pode ser muito sutil, mas está presente e a vítima, na maioria das vezes, consegue perceber. Se a pessoa diz coisas, de propósito, que fazem você se sentir mal ou culpado, isso é manipulação, ok?
03. Fuja de sentimentos aflorados
Você pode estudar e praticar a Comunicação Não-Violenta o quanto puder e quiser. Mas, sempre haverá situações em que, simplesmente, é preciso deixar para depois. Você também é humano e pode perder a cabeça, ficar de saco cheio e falar e fazer o que não deveria. Então, quando sentir que a relação está ficando fora do controle, apenas pare.
Entretanto, se toda conversa que você tem com alguma pessoa, sempre vira uma briga, é porque existe um problema sério e a CNV não é a solução. Resolver conflitos é sempre difícil, ainda mais quando algum dos interlocutores está disposto a tornar tudo bem complicado. Então, fuja.
Nem é preciso que todos estejam em um momento ruim. Pode ser que você esteja bem, mas o outro não. Daí a importância de tentar perceber os sentimentos dos outros também, e decidir se a conversa vale a pena agora ou melhor em outro momento. Mas, jamais seja o chato que fica analisando o comportamento alheio e apontando tudo o que vê, certo?
Exemplo prático: em casa, sua mãe chegou exausta do trabalho e diz a você “venha aqui, quero saber porque suas notas estão tão baixas”, nesse caso, aproveite da técnica de apontar um fato e evite o conflito, “a senhora trabalhou o dia todo, porque não jantamos primeiro, e depois falamos sobre isso?”
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É difícil, mas não desista!
Não pense que é fácil colocar tudo isso em prática. O desafio é grande, mas é recompensador, acredite. Se você praticar o autoconhecimento, começar a observar o outro e se expressar de maneira diferente, seus relacionamentos serão cada vez melhores. E não esqueça que o objetivo não é se tornar “o cara legal”, mas, sim, construir confiança e manter suas relações sempre saudáveis e verdadeiras.
Tenho certeza que esse post te ajudou, pelo menos um pouco, a entender melhor como colocar a Comunicação Não Violenta em prática. Ainda assim, gravei um vídeo para reforçar o seu aprendizado e está no meu canal no YouTube. Assista abaixo e não esqueça de se inscrever!