Conteúdo atualizado há 7 meses
Não é novidade para ninguém que é por meio da comunicação que podemos expressar nossos sentimentos, pensamentos e intenções. Por isso, ela é uma parte essencial em nossas vidas. No entanto, nem sempre as pessoas usam da melhor maneira possível. Um exemplo disso é a ocorrência de microviolência na comunicação e elogios que não são elogios.
Para fazer uma rápida introdução, a microviolência pode estar presente em nosso dia a dia. Em gestos, palavras, linguagem e nas mais sutis formas de nos comunicar. São pequenos atos de agressão disfarçados de elogios, ou aquelas brincadeiras inofensivas que sempre soam estranho.
Acho importante falar sobre o conceito de microviolência na comunicação, para te ajudar a identificar e lidar melhor com aqueles elogios que mais parecem ofensas. Além disso, vou abordar a importância da empatia e do respeito na prevenção e combate a esse tipo de comportamento. Bora lá?
Entendendo ofensas disfarçadas de elogios
A microviolência na comunicação é uma manifestação de preconceitos e julgamentos que as pessoas têm e que são expressos de maneira velada. Em outras palavras, são frases e comentários maldosos, mas camuflados de brincadeira ou elogios que não são elogios. É uma comunicação dissimulada mesmo.
O problema é que esse tipo de comportamento é mais comum do que se imagina e muitas vezes passa despercebido, tanto pela pessoa que o pratica quanto pela pessoa que o recebe.
Dá para entender a razão de tudo analisando a psicologia por trás desse fenômeno: tem a ver com a necessidade que algumas pessoas têm de se sentirem superiores aos outros. Então, usando ofensas disfarçadas de elogios, essas pessoas conseguem atingir seu objetivo, pois conseguem diminuir o outro sem serem confrontadas diretamente, entende?
É um comportamento típico de pessoas tóxicas. E o melhor jeito de evitar esse tipo de situação é se afastar dessas pessoas ou, melhor ainda, tirar elas da sua vida.
Elogios velados e piadas como formas de agressão verbal
A microviolência na comunicação pode se manifestar de várias maneiras, como elogios que mais parecem ofensas e piadas aparentemente inofensivas.
Um exemplo de elogio velado é quando alguém diz a uma mulher que ela é bonita demais para ser inteligente. Já ouviu isso alguma vez? Já uma piada que pode ser considerada uma forma de agressão verbal é quando alguém faz uma brincadeira sobre a cor de pele, orientação sexual ou religião de outra pessoa.
Essas manifestações de microviolência podem ter um impacto negativo na autoestima e bem-estar emocional das pessoas que as recebem, além de prejudicar a convivência e o ambiente em que estão inseridas.
Outra frase muito comum que pode ofender quem ouviu, mas quem falou nem imagina que fez mal é a clássica “você está tão bonita hoje, mudou alguma coisa”? Você pode pensar que está elogiando, mas a pessoa pode pensar, por exemplo, que em todos os outros dias ela não estava bonita.
A importância da empatia e do respeito no combate à microviolência
Para combater essa “violência disfarçada”, é fundamental que as pessoas desenvolvam a empatia e o respeito pelos outros. A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro e entender suas emoções e sentimentos, enquanto o respeito envolve tratar os outros com consideração e dignidade.
Além disso, também é muito importante ter a inteligência emocional muito bem desenvolvida. Para que você não se afete com a toxicidade de pessoas que não valem nada.
Ao desenvolver essas habilidades, as pessoas se tornam mais conscientes do impacto de suas palavras e ações sobre os outros e passam a se comunicar de maneira mais saudável e respeitosa.
Microviolência no dia a dia
Para deixar tudo ainda mais claro, vamos falar um pouco sobre como esses elogios falsos acontecem no dia a dia, em ambientes variados? Antes de continuar lendo, vou indicar também o vídeo que gravei sobre esse assunto, que você pode assistir logo abaixo.
Microviolência no ambiente de trabalho
A microviolência verbal está presente em diversas situações cotidianas, inclusive no ambiente de trabalho. Quando acontece no contexto profissional, as ofensas disfarçadas de elogios podem prejudicar o desempenho e a motivação dos colaboradores, além de contribuir para a criação de um ambiente tóxico e prejudicial à saúde mental dos envolvidos.
Alguns exemplos de microviolência no ambiente de trabalho incluem comentários sobre a aparência física dos colegas, piadas relacionadas à idade, gênero ou etnia e elogios que, na verdade, são críticas veladas.
Mais alguns exemplos de comentários desnecessários no ambiente de trabalho:
- Nossa, você sempre está atrasado/a.
- Como você conseguiu essa promoção?
- Finalmente consegui te achar na sua mesa.
- Você realmente vai usar isso na apresentação?
- Acho que você deveria perder uns quilinhos.
- Não sei como você lida com tanta pressão.
Microviolência na vida pessoal
Essas situações chatas também podem acontecer na vida pessoal, seja entre amigos, familiares ou parceiros. Nesses casos, as ofensas disfarçadas de elogios podem causar mágoas e ressentimentos, além de prejudicar a qualidade dos relacionamentos.
É importante estar atento a esse tipo de comportamento e, sempre que possível, conversar abertamente sobre o assunto com as pessoas envolvidas, a fim de evitar mal-entendidos e promover uma convivência mais saudável e respeitosa.
Olha só algumas das frases mais comuns nas relações pessoais:
- Você ainda não casou?
- Deveria pensar em ter filhos logo, o relógio biológico está correndo.
- “Seu corpo mudou bastante…
- Como você ainda não arrumou um emprego melhor?
- Nossa, você comprou esse carro?
- Deve ser bom ter tanto tempo livre pra viajar tanto assim.
- Por que você continua morando com os seus pais?
Expressões que devem ser evitadas
Percebe como existem algumas expressões que, mesmo que não intencionalmente, são ofensivas e devem ser evitadas? Entre elas, estão frases como “você é tão bonita para ser inteligente”, “você está tão magro, precisa se alimentar melhor” ou “você fala tão bem para ser de (determinada região)”.
Agora vou deixar mais uma lista de exemplos do que deve ser evitado, só para ilustrar. Lembre-se sempre que esses comentários podem parecer inocentes à primeira vista, mas estão cheias de insultos e desrespeito. Ou seja, são agressivas e não devem fazer parte da sua comunicação com ninguém.
- Você é tão corajoso em usar essa roupa!
- Seu novo corte de cabelo é… interessante.
- Você é tão espontâneo, não se importa com o que os outros pensam.
- Sua casa tem um estilo único, parece uma galeria de arte.
- Seu senso de humor é realmente diferente.
- Admiro sua confiança em expressar suas opiniões.
- Você tem uma personalidade forte.
- Suas ideias são tão únicas, que às vezes é difícil acompanhá-las.
- Você tem um gosto peculiar para escolher presentes, sempre surpreende.
- Você é tão autêntico, não se preocupa em seguir as tendências.
- Seu estilo de vida é tão alternativo, você está sempre à frente do seu tempo.
- Admiro sua confiança para ser você mesmo.
- Você não aparenta ter essa idade.
Ao evitar essas e outras expressões semelhantes, promovemos uma comunicação mais saudável e respeitosa. Um ótima maneira de evitar esse comportamento também é praticando a comunicação não violenta no seu dia a dia.
Como reconhecer e lidar com microagressões
Reconhecer e lidar com isso tudo é fundamental para combater a microviolência na comunicação. Então, aqui vão algumas dicas para ajudar:
- Preste atenção às palavras e expressões utilizadas nas conversas.
- Questione sobre o verdadeiro significado e intenção das frases ou comentários.
- Pratique a escuta ativa e empatia.
- Não tenha medo de confrontar a pessoa que fez o comentário ofensivo, explicando por que aquilo foi inadequado ou prejudicial.
Também recomendo que você entenda a diferença e saiba lidar com comunicação agressiva e passiva. Assim, poderá evitar que esse comportamento tóxico te afete negativamente.
Como lidar com elogios falsos e elogios que não são elogios
Lidar com elogios falsos e elogios que não são elogios pode ser um desafio, mas algumas estratégias podem ajudar nesse processo:
- Desenvolver a habilidade de reconhecer elogios sinceros e diferenciá-los dos falsos ou ofensivos.
- Responder com assertividade e educadamente aos elogios que não são elogios, deixando claro que a pessoa entendeu a verdadeira intenção por trás das palavras.
- Não se deixar abalar emocionalmente por elogios falsos ou ofensivos, lembrando-se de que o problema está na pessoa que os faz, não em quem os recebe.
- Confrontar a pessoa que faz elogios falsos ou ofensivos de maneira respeitosa e clara, explicando por que aquilo foi inadequado ou prejudicial.
- Buscar apoio e orientação de pessoas de confiança ou profissionais, como psicólogos e terapeutas, caso se sinta afetado pelos elogios falsos ou ofensivos.
Conclusão: fique longe dos elogios que não são elogios
A microviolência na comunicação é um problema que afeta muitas pessoas e pode ter um impacto negativo na autoestima, bem-estar emocional e qualidade de vida. Para combater esse tipo de comportamento, é fundamental desenvolver a empatia, o respeito pelos outros e a inteligência emocional. Além de estar atento a expressões e comportamentos que possam ser considerados ofensivos.
Ao promover uma comunicação mais saudável e respeitosa, contribuímos para a criação de um ambiente mais acolhedor e positivo, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Lembre-se sempre de que as palavras têm poder e devem ser usadas com responsabilidade e cuidado.
Se você está enfrentando situações de microviolência como as que citei aqui, não hesite em buscar ajuda e apoio de pessoas de confiança e profissionais especializados. E jamais deixe de se valorizar, ou seja, em situações como estas, não seja bonzinho demais, combinado?